Doente de mim desde que a escrita
juntou-se à vida, com as linhas
da mão misturadas às do papel
sob o peso da batida do pulso pegajoso.

(Armando Freitas Filho)


A face impressa na folha.
As pálpebras dormentes
a saliva o pelo a ruga
infiltram o poema.

Palavras devoradas
na sórdida mesa com restos
de madrugada fria
unhas e fios de cabelo.


O lápis risca a raiz, a cal
o caminho mais curto
até o primeiro raio de sol
incrustado na gelosia.

O que é meu está guardado:
coração encouraçado, relógio

sujo tiquetaqueando insuspeito
no fundo de uma gaveta


*

leia a primeira versão deste poema aqui