Nenhuma tempestade no céu
no mar ou num copo d'água.
O corpo percorre quintais, corre-
dores, salas, avenidas
e acuado aguarda uma tarde
que já não arde mais: distante
anterior à noite — silenciosa
fria, subterrânea. E a madrugada
espreita acima da copa
da árvores, rasante: morcego
acordado, cego, rascante.
Parado, meu sangue espera.





início

Escrever é frio e difícil.
É como a vertigem que se tem
de um alto edifício
visto de baixo pra cima.
E o contrário: ânsia de precipício.
É perder um pouco a vida
na esperança de voltar ao início
onde tudo era fábula
onde tudo era indício.

*

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